4.28.2005

punhal

Às vezes perpassa por mim a ideia de uma saudade
E como um grito angustiado,
Uma lágrima traz o teu nome
E chama por ti,
amor,
amor!
Segura-me para que não caia.
A vertigem do baloiço inebria e contagia. A cortesia.
Da tua varanda sinto vertigem e peço para que não me largues.
Ainda que eu braceje, refile, te perjure, te blasfeme.
Sinto o ferro arranhar-me a pele.
Vinco as minhas mãos na corrente e ainda assim me sinto cair.
Preciso do teu braço forte e do teu coração fraco.
O teu nome persegue-me e eu persigo-te.
amor.
Amor!
Agarra-me para que não caia.
Às vezes como um bafo frio a noite abraçava-me e
Guinchava-me ao ouvido. Mas o seu guincho é de um metal estridente e
Depois desse abraço era comum ficar sem ouvir o que outros me Diziam.
Quanto a mim, gostaria de te roubar o coração.
Mas quem olha para ti, sempre frio, sempre escuro,
Diria que o tens trancado.

Se te apanho a jeito semeio-te um punhal nas costas.
Ficarei então a ver brotarem, como flores, rubis

com que farei uma linda tiara para quando for a enterrar.

Quero descer à cova com algo teu,
Algo que seja mais eterno do que tu e do que nós.
O teu sangue serve-me perfeitamente.