3.29.2005

A jogadora - Parte I

Não, não, não...
Diz-me, por favor que tiveste um relampejo de sentido de humor, que, aliás, o adquiriste. Foi pouco tempo para tal mudança, mas seria possível, talvez, depende da vida que fizeste, depende das companhias, depende da provação e do ensejo.
É certamente uma partida.
Não gozes com a minha cara que eu parto-te a tua.
Era o que eu faria, era sim, se o pudesse, se tivesse mãos, músculos e coragem para tal.


Ai, ai, ai, segurem-me que eu vou a ele.
Quando o viu a segunda vez depois disto, cujo sentido de humor refinado era o seu, decidiu: “Ai vou, vou, ai mas é que vou mesmo.”

E encornou-o. Desculpa lá, mas estava tanto a pedi-las!

Claro que para ela meter os cornos tinha sido dar uns beijinhos á socapa com gostinho a quero mais... mas chegou-lhe para não lhe telefonar seis dias e ele perdidinho de saudades, de amores, de carinhos, és tão minha, pois mas quando o remédio chega tarde, já morreu o paciente ou não faz falta. O que não mata engorda. Por acaso, até perdeu uns quilitos, mas, olha, melhor ainda. Mas não, por um mau amor de tempos idos, não morreu!

Neste vai-não-vai do ata e desata que já era o normal desenrolar da sua vida amorosa morre-lhe uma tia! Lá vai a parva da Angélica para a santa terrinha onde não era nascida e muito menos vivida, pois como lhe soía tinha sido nada na bela e fértil freguesia de São Sebastião da Pedreira. Mas família oblige e cá vamos todos em carreirinha aproveitando o feriado – calhava mesmo mal, até já tinha coisas combinadas, com quem nem se lembrava!