3.29.2005

A neurose - parte I

Ana tem uma imaginação, como é que se diz... galopante. Que atravessa campos verdejantes de esperança estilhaçando cada pequena flor de harmonia que encontra pelo caminho.
Vive com o Miguel que é, como é que se diz... uma paz d’alma. Adora-a, venera-a, acho mesmo que é capaz de a amar. Não olha para nenhuma mulher com ar lascivo ou mesmo curioso, respeita cada opinião que ela profira, por muito idiota ou dessincronizada que aos nossos ouvidos possa soar. Mas nós somos as amigas, podemos dizer qualquer coisa. Já ele.
Então entrega-se a jogos destrutivos porque não consegue conceber ser tão só feliz.
Porque isso não existe. Os pais divorciaram-se andava Ana no 7º ano e foi, bem digamos, estranho. Mas ela superara, parecia, talvez não, bem visto.
Não nos conhece bonitas histórias de amor e já eu própria pensei que não seremos a melhor influencia para ela, para eles. Por outro pensou que talvez se penalize por nos ver, a maioria, sozinhas e desgostosas, e ela com um homem ao lado, para o que der e vier. Ou talvez, inveje aquele outro lado, quando temos uma nova paixão e tudo em nós é luz e força e vontade de viver cada dia novo como se fosse o último.