5.11.2005

Soberba atravessa a porta.
olha em frente, não olha.
Não pergunta a quem está se pode estar.
Não quer saber.
Acende um cigarro. Não incomoda.
Ajoelha. Senta-se sobre si mesma encostada à parede. Está confortável.

Tece considerações numa linha apenas sobre a porta entrançada à sua frente. Estão feitas.

A vida é isto.
Acende-se um cigarro no intervalo e retira-se o bloco de notas aproveitando a luz.
Aproveita o silência.
Está quase assustada com uma novidade na sua vida: goza o silêncio.
Não desespera, não sofre. Só se ajoelhou por comodidade.
Mesmo agachada está acima dos pequenos, dos que se julgam grandes.
É superior.
Agora, há que condensar esta grandeza para que caiba em si todos os dias, mesmos nos pequeninos.
Quando um dia, talvez, se voltar a sentir agachada, então pela fraqueza, já não pela força dos seus joelhos.
Para quando um dia voltar o desespero.
Dizem que sim. Que volta.
Volta sempre a quem espera.

5.05.2004 CamarimSãoCarlos