6.02.2005

Pesa-me a lei do decoro
que não te transmita
tudo o que tenho a dizer:
a lista de deves e haveres
que entre nós há a saldar.
Não se me impôe estratégia
Desconheço o método de falar.
Sei violar as palavras
como se as soubesse usar.
Eu só sabia falar de amor,
de angústia de tristeza e de euforia.
Não faço rimas com alegria.
Sou escritor pobre, incoerente.
E de pecado, congeminação e dúvida,
se investem as minhas noites.
E de vazio as manhãs.
Enceto contra a loucura
uma batalha que temo inglória.
Estou perdido na minha sombra.
E não amo já se mão aquela presença
que se queda, se deixa estar.
Qual sombra ou aroma fugidio.
Não guardo energias para o amor.