6.16.2005

ontem

Disseste-me: vamos devagar!
e era tarde demais.

Chegaste ao pé de mim
com teu ar tímido mas arrojado,
beijaste-me o pescoço e reclamaste propriedade:
"minha vampira".
era tarde demais!

Confessaste desejos antigos.
Eram banais; volúpias e ócios, eram comuns.
E era tarde demais.

Cruzei-me contigo há meia vida, não te vi
E agora, ontem, apareces, reconheces-me,
E sendo tarde, temos tempo.

Temos tempo para a doçura, para o amargo, para a perda.

Vem, vem quebrar-me o coração uma outra vez...
Estou perdida: reencontra-me.

Antes que amanhã seja tarde demais.

15.06.2005 já muito tarde

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nunca é tarde demais. Nunca é tarde. Conheço o tempo, ele conhece-me, andámos às turras demasiadas vezes. Pedi-lhe para voltar atrás, não: exigi-lhe! Ameacei-o de morte, de se tornar tão lento que perderia o seu poder, rotulei-o de ingrato, de intruso, de perverso. Ordenei-lhe que me trouxesse até ti novamente, que me permitisse conquistar-te antes de morrer, antes de deixar de ser, antes de viver realmente.
Fiz uma aposta com ele, aceitou outra comigo, fizemos um pacto. Não regredi no tempo, guiou-me até ti, sim, mas com a experiência entretanto adquirida, com as rugas que entretanto me fizera, com a certeza de que onde outros perderam eu poderia ganhar, porque tinha mais a oferecer. Tinha tudo a oferecer. A mim próprio.
É um jogo cruel, por vezes não chega entregar-se, não chega envolver-se, não chega fechar os olhos. É preciso dar as mãos, entrar pelo olhar do outro, espiar lá dentro, retirar a essência, evidências de maturidade, de estabilidade,de consenso.
É preciso querer.
É uma aposta, mas está tanto em jogo. Quanto mais poderemos sofrer, quanto mais aguentamos sofrer, quais são os nossos limites? Não merecemos realmente um momento de paz, de pureza, de claridade? Não serão os ardis meros obstáculos para valorizarmos mais o prémio final?
Penso nisso. Penso em ti. Quero-te. Não é uma mera aposta. É a minha vida que está em jogo. A morte renego-a, não tem para mim significado, escondeu-se atrás de um servo, não impressiona quando se quer tanto. Todos os esforços valem a pena, todos os estorvos são minúsculos, a eternidade nos espera.
Não é tarde demais. Nunca é tarde demais. O tempo prometeu-me. Permite-me ganhar a aposta. Não pela aposta, mas por nós.
Só por nós.
Merecemo-lo.

3:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sem dúvida um dos drinks mais suaves do blog...e feminino!! Milagre!!!!!!!

1:39 da manhã  

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